domingo, 23 de setembro de 2012

JARDIM DE ORAÇÃO



Assopra no meu jardim, 
para que se derramem os seus aromas. 
(Ct 4.16.)
            Algumas das especiarias mencionadas neste capítulo são bastante sugestivas. O aloés era uma especiaria amarga, e fala-nos da doçura das coisas amargas, o doce-amargo, que quem já provou, sabe bem quanto agrada ao paladar. A mirra era usada para embalsamar os mortos, e fala-nos de morrermos para alguma coisa. É a doçura que vem ao coração depois que ele morreu para a vontade-própria, o orgulho e o pecado.
            Oh, o encanto inexprimível que paira em torno de alguns crentes, simplesmente porque trazem no semblante açoitado pela disciplina e no espírito dulcifícado, as marcas da cruz; a santa evidência de terem morrido para o que uma vez foi orgulho e força, mas que agora está para sempre aos pés do Senhor. É o encanto celeste de um espírito quebrantado e um coração contrito, a música que brota de uma tonalidade menor.
            E ainda, o incenso, com a fragrância que procedia do toque de fogo. Era aquele pó queimado que se erguia em nuvens de doçura do seio das chamas. Fala-nos do coração cuja doçura tem-se desprendi­do talvez através das chamas da aflição, até que o lugar santo da alma é cheio das nuvens de oração e louvor. Amado leitor, estamos nós derramando as especiarias, os perfumes, os aromas suaves do coração?
MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

ACEITE SUA CRUZ



Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Mc 8.34.)
            A cruz que o Senhor me manda tomar e carregar pode assumir diferentes formas. Pode ser que eu tenha de me contentar com uma esfera humilde e estreita, quando sinto capacidade para trabalho muito mais elevado. Pode ser que eu tenha de cultivar durante muitos anos um campo que não me parece trazer colheita alguma. Pode ser que Ele me mande nutrir pensamentos amáveis sobre alguém que me prejudicou, e pode ser que eu seja levado a falar-lhe brandamente, a tomar a sua defesa contra alguém que se opõe a ele, a cercá-lo de simpatia e dar-lhe minha ajuda.
            Pode ser que eu tenha de confessar a meu Mestre no meio daqueles que não querem ser relembrados da existência dEle, nem dos Seus direitos sobre eles. Pode ser que eu seja chamado a andar entre os homens com rosto radiante, quando meu coração está partido. Existem muitas cruzes, e todas elas são dolorosas e pesadas. Nenhuma delas será procurada por mim de iniciativa própria.
            Mas Jesus nunca está tão perto de mim como quando tomo a minha cruz e, submisso, coloco-a sobre os ombros, e a recebo com as boas-vin­das de um espírito paciente e conformado. Ele Se aproxima, para fazer amadurecer a minha sabedoria, para aprofundar a minha paz, para aumentar a minha coragem, para aumentar minha capacidade de ser útil aos outros, e isto através da própria experiência que se faz tão pesada e angustiante. E então — como estava escrito no sinete de um heróico prisioneiro —     Eu cresço sob a carga. Alexander Smellie
            "Aceite sua cruz como um bordão, não como um tropeço."
 MANANCIAIS DO DESERTO
 LETTIE COWMAN

DÊ A DEUS A FLOR DO DIA


MANHÃ COM DEUS

Prepara-te para amanhã, para que subas pela manhã ao monte... e ali põe-te diante de mim no cume do monte." (Êx 34.2.)
            A manhã é o tempo que eu estabeleci para estar a sós com o Senhor. A própria palavra manhã é como um belo cacho de uvas. Vamos esmagá-las e beber o vinho sagrado. De manhã! É a hora que Deus preparou para eu estar no melhor do meu vigor e esperança. Não vou ter que subir ao monte na hora em que estou cansado. Durante a noite eu sepultei a fadiga de ontem, e de manhã tomo uma nova porção de energia. Bendito é o dia cuja manhã é santificada! Bem sucedido é o dia cuja primeira vitória é conquis­tada em oração! Santo é o dia cuja aurora nos encontra no cume do monte!
            Meu Pai, estou indo! Nada na planície rasteira me afastará das santas alturas. Ao Teu comando eu vou, então Tu virás encontrar-Te comigo. De manhã no monte! E estarei forte e alegre por todo o resto de um dia tão bem iniciado. — Joseph Parker
            Minha mãe possuía o hábito de, todos os dias imediatamente após o café da manhã, recolher-se ao seu quarto e passar uma hora em leitura da Bíblia, meditação e oração. Daquele período, como se fosse uma fonte pura, ela tirava a força e a doçura que a capacitavam para todos os seus afazeres e para permanecer sem agitação no meio das banalidades e pequenos aborrecimentos que são tantas vezes motivo de perturbação em lugares onde a vizinhança é muito próxima.
            Quando eu penso em sua vida, e em tudo o que teve de suportar, vejo o completo triunfo da graça cristã em seu precioso ideal de mulher cristã. Nunca vi seu gênio alterado; nunca a ouvi proferir uma palavra de ira, calúnia ou maledicência; nunca obser­vei nela nenhum sinal de um só sentimento que não ficasse bem numa alma que havia bebido do rio da água da vida e que se havia nutrido do maná em pleno deserto. — Farrar
            DÉ a Deus a flor do dia. Não O ponha de lado juntamente com as folhas secas.

 MANANCIAIS DO DESERTO
 LETTIE COWMAN

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

FORTALEZA


Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presen­te na angústia. (Sl 46.1.)
            Muitas vezes surge a pergunta: "Por que Ele não me socorreu antes?'' Porque esse não é o Seu modo de operar. Primeiro Ele precisa nos ajustar à tribulação e ensinar-nos uma lição. A promessa é: "Estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei e o glorificarei". Primeiro Ele precisa estar conosco no meio da tribulação, o dia todo e a noite toda. Então Ele nos tirará dela. E isto só acontecerá depois que nós pararmos de ficar agitados e agastados a respeito do assunto e fi­carmos calmos e quietos. Então Ele dirá: "Basta".
            Deus usa a tribulação para ensinar preciosas lições a Seus filhos. As tribulações visam a nos educar. E quando a sua boa obra está completa, uma gloriosa recompensa nos vem através delas. Há nelas um gozo suave e um valor real. Ele não as vê como dificulda­des, mas como oportunidades. — Selecionado
            Certa vez ouvimos de um crente já idoso, um homem de cor muito simples, uma coisa que nunca mais esquecemos: "Quando Deus prova a gente, é uma boa hora para a gente também fazer pro­va de Deus. A gente pega as promessas de Deus e faz prova delas: vai tirando daí tudo o que é precioso para socorrer a gente naquela provação."
            Há duas maneiras de se sair de uma tribulação. Uma é simplesmente procurar ficar livre dela e respirar aliviado quando tudo passou. Outra é aceitar a tribulação como um desafio de Deus, para tomarmos posse de uma grande bênção, da maior bênção já experimentada, e saudá-la com alegria como sendo uma oportuni­dade de obtermos uma medida maior da graça de Deus. Assim, até mesmo o adversário se torna um auxiliar, e as coisas que parecem ser contra nós passam a servir para nosso progresso. Sem dúvida, isto é ser mais do que vencedor por Aquele que nos amou. — A. B. Simpson
MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

PROFUNDIDADE

Não havia muita terra. (Mt 13.5.)
            Parece-nos, pelo ensino desta parábola, que nós temos alguma coisa a ver com o solo. A semente frutífera caiu num "coração reto e bom". Creio que há pessoas sem profundidade que são como o solo sem muita terra — aqueles que não têm um propósito real, que são movidos por qualquer apelo comovente, ou por um bom sermão, uma melodia sentimental, e que, a princípio, parece que vão produzir alguma coisa; mas não há muita terra — não há profundi­dade, não há um propósito honesto e profundo, não há um desejo real de conhecer o dever a fim de cumpri-lo. Olhemos para o solo do nosso coração.
            Quando um soldado romano era informado por seu dirigente de que, se insistisse em seguir determinada expedição, provavelmente iria morrer, a resposta era: "É necessário que eu vá; não é necessário que eu viva."
            Isto é profundidade. Quando estamos assim convictos, alguma coisa resultará daí. A natureza superficial vive dos seus impulsos, impressões, intuições, instintos e, também, do que a cerca. O caráter profundo olha para além dessas coisas e, enfrentando tempestades e nuvens, avança para a região ensolarada do outro lado; ele espera pelo amanhã, que sempre traz o reverso da dor e da aparente derrota e fracasso.
            Quando Deus nos faz profundos, então pode dar-nos também Suas verdades e segredos mais profundos e confiar-nos coisas maiores.   Senhor guia-me às profundezas da Tua vida e livra-me de uma experiência superficial.
MANANCIAIS DO DESERTO
 LETTIE COWMAN

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

COMO ALCANÇAR A PROMESSA



E assim, esperando com paciência, alcançou a promes­sa. (Hb 6.15.)
            Abraão foi provado por longo tempo, mas foi abundantemente recompensado. O Senhor o provou através de uma demora em cumprir a promessa. Satanás o provou pela tentação; Sara o provou por sua impertinência; os homens o provaram pelo ciúme, desconfiança e oposição: mas ele suportou tudo pacientemente. Não discutiu a veracidade da promessa, Não limitou o poder de Deus, não duvidou da Sua fidelidade, nem magoou o Seu amor. Antes curvou-se à soberania de Deus, submeteu-se à Sua infinita sabedoria e ficou em silêncio, apesar das demoras, esperando a ocasião determinada pelo Senhor. E assim, tendo esperado com paciência, alcançou a promessa.
            As promessas de Deus não podem deixar de ser cumpridas. Os que pacientemente esperam não serão decepcionados. A expectação da fé será recompensada.
            Amado leitor, a conduta de Abraão condena um espírito apressado, reprova a murmuração, recomenda o espírito paciente e encoraja uma quieta submissão à vontade e aos caminhos de Deus. Lembre-se de que Abraão foi provado; de que ele esperou paciente­mente; recebeu a promessa e foi satisfeito. Imite o seu exemplo, e receberá a mesma bênção.

MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

PERFEIÇÃO DE DEUS


O Senhor aperfeiçoará o que me concerne. (Sl 138.8.)
            Há no sofrimento um mistério divino, sim, um poder estranho e sobrenatural, que nunca foi penetrado pela razão humana. Não há alma que não tenha conhecido grande santidade, que também não tenha passado por grande sofrimento. Quando a alma chega ao ponto calmo e doce de não abrigar preocupações, quando ela pode ter no íntimo um olhar suave para com a própria dor e nem sequer pede a Deus para livrá-la do sofrimento, então o sofrimento já cumpriu seu bendito ministério; então a paciência concluiu sua obra perfeita; então a crucificação começa a transformar-se em coroa.
            É neste estado de maturidade no sofrimento que o Espírito Santo opera muitas coisas maravilhosas em nossa alma. Em tais condições, todo o nosso ser está inteiramente quieto sob a mão de Deus: cada faculdade da mente, da vontade e do coração está finalmente subjugada. Uma quietude vinda da eternidade ocupa todo o ser; a língua se aquieta e tem poucas palavras a dizer, ela pára de fazer perguntas a Deus, pára de clamar: "Por que te esqueceste de mim?"
            A imaginação pára de construir castelos na areia ou de voar para rumos vãos, a razão fica mansa e dócil, as escolhas próprias são deixadas, a alma não deseja outra coisa senão o propósito de Deus. Nossa afeição se desliga de toda criatura e de todas as coisas; ela fica tão entregue a Deus, que nada pode ferir nosso coração, nada pode ofendê-lo, nada pode detê-la, nada pode atravessar-se em seu caminho; pois sejam quais forem as circunstâncias, o ser está buscando só a Deus e a Sua vontade. Ele sabe com certeza que Deus está fazendo com que todas as coisas no universo, boas ou más, passadas ou presentes, contribuam juntamente para o seu bem. Que felicidade é estarmos inteiramente subjugados!
            Perdermos a nossa própria força, e sabedoria, e planos e desejos, e estarmos onde todos os átomos da nossa natureza são como o plácido mar da Galiléia sob os onipotentes pés de Jesus.
            A grandeza está em sofrer sem ficar desanimado.

MANANCIAIS DO DESERTO
 LETTIE COWMAN

domingo, 9 de setembro de 2012

RESGATOU-ME E FEZ-ME SEU


Quem é esta que sobe do deserto e vem encostada ao seu amado? (Ct 8.5.)
            Alguém certa vez aprendeu uma lição valiosa, numa reunião de oração. Um modesto irmão pediu ao Senhor várias bênçãos, como costumamos fazer, e agradeceu por muitas já recebidas, como todos nós fazemos, mas terminou com uma petição estranha: "E, ó Senhor, põe estacas em nós! Sim; põe estacas em todas as nossas necessidades de encostar!'' Você tem necessidade de se encostar? A oração daquele homem humilde as apresenta aos nossos olhos de uma maneira nova, e também nos mostra o Grande Sustentador sob uma nova luz. Ele está sempre andando ao lado do crente, pronto a estender Seu braço poderoso e escorar o fraco "Em todos as nossas necessidades de encostar".

Meu Jesus Se fez por mim Tudo, sim!
NEle encontro, pois, assim, Tudo para mim.
Santidade, amor, poder, Cada instante em meu viver
Redenção e paz sem fim, Tudo Ele é pra mim!

Sobre a Cruz por mim sofreu Tudo, sim!
Resgatou-me e fez-me Seu. Tudo é para mim!
Só Jesus me satisfaz Tudo, sim!
Sempre limpo e são me faz, Tudo é para mim.

Ele é todo o meu prazer, Tudo, sim!
Me segura e faz vencer! Tudo é para mim.
Glória, honra e amor Lhe dou!

Tudo, sim!
Seu eternamente sou!
Tudo é para mim!    
                          
MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

ANGÚSTIA


Na angústia me deste largueza. (Sl 4.1.)
            Este é um dos maiores testemunhos dados pelo homem quanto ao governo moral de Deus. Não é uma palavra de ação de graças a Deus por ter sido livre de sofrimento. É ação de graças por ter sido libertado através do sofrimento, pois diz: "Na angústia me deste largueza." Ele declara que as próprias tristezas foram a fonte de um alargamento na vida.
            E você já não descobriu mil vezes a verdade disto? Está escrito a respeito de José na prisão, que o ferro entrou em sua própria alma. Todos nós sentimos que o de que José necessitava para o bem de sua alma era justamente o ferro. Ele tinha visto o brilho do ouro; tinha-se alegrado nos sonhos dos dias jovens, e os sonhos endurecem o coração.
            Quem derrama lágrimas sobre a narrativa de um romance não estará muito apto a servir de auxílio na vida real; a verdadeira tristeza lhe parecerá muito sem poesia. Precisamos do ferro para alargar a nossa natureza. O ouro é apenas uma visão; o ferro é uma experiência. A corrente que me liga à humanidade precisa ser de ferro. Aquele toque de humanidade que nos irmana com o mundo não é a alegria, mas a tristeza. O ouro é parcial, o ferro é universal.
            Minha alma, se você quer ser alargada na sua compaixão e na sua capacidade de sentir com os outros, precisa ser estreitada dentro de limites de sofrimento humano. A prisão de José foi sua estrada para o trono. Você não é capaz de carregar a carga de ferro de seu irmão. Se o ferro ainda não entrou em seu coração. As coisas que a limitam na verdade são as que a alargam.
            As sombras da sua vida é que são o verdadeiro cumprimento dos seus sonhos de glória. Não se queixe das sombras, minha alma, elas contém revelações melhores do que as dos seus sonhos. Não diga que as sombras da prisão a acorrentaram; os grilhões das horas sombrias na verdade são asas — asas que a levam em vôo para dentro do seio da humanidade. A porta da sua prisão dá para o coração do universo. Deus a tem alargado, através dos grilhões da corrente do sofrimento. 
            Se José não tivesse sido prisioneiro, nunca teria sido governa­dor do Egito. A cadeia de ferro em que prendeu seus pés foi a prepa­ração para a cadeia de ouro que foi colocada em volta do seu pescoço. 
MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PRESENÇA INVISÍVEL

NASCER DO SOL EM MACEIÓ


            Tu permaneces. (Hb 1.11.)

            Há sempre muitas lareiras solitárias — sim, e quantas! E os que se assentam junto delas, ao lado da cadeira vazia, não podem conter as lágrimas que lhes brotam. Há pessoas que estão sempre tão sozinhas. Mas um Ser invisível ali mesmo ao seu alcance. É que, por alguma razão, não tomamos consciência da Sua presença.
            Ter consciência desse fato é uma bênção, mas é raro. Pertence à disposição, aos sentimentos. Depende das condições do tempo e das condições físicas. A chuva, a neblina lá fora, a noite mal dormida, a dor penetrante, estas coisas influem tanto em nossa disposição, que parecem obscurecer completamente aquela percepção.
            Mas há algo um pouco mais elevado do que ter consciência. É ainda mais maravilhoso. É independente de todas essas condições exteriores, e é algo que permanece. E é isto: o reconhecimento pela fé, daquela Presença invisível, tão maravilhosa e tranqüilizadora, que suaviza, acalma e aquece. Reconheça a presença dEle, do Mestre. Ele está aqui, bem perto; Sua presença é real. Reconhecer este fato nos ajudará a ter consciência dele também, mas o reconhecimento pela fé não depende de se ter ou não consciência dele.
            Pois a própria verdade é uma Presença, não uma coisa ou mera afirmação. Alguém está presente: um Amigo que nos quer bem, um Senhor todo-pode­roso. E isto é uma confortante mensagem para os corações que choram, qualquer que seja a razão das lágrimas. 

 MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

TEMPO DE DEUS


                                    
Bem-aventurados todos os que nele esperam. (Is 30.18.)
                       Ouve-se muito falar sobre esperar em Deus.
            Contudo, há um outro lado nesta questão. Quando esperamos em Deus, Ele está esperando que estejamos preparados; quando esperamos por Deus, nós estamos esperando que Ele esteja pronto.
            Muitos dizem, e muitos mais crêem, que no momento em que preenchemos as condições necessárias à resposta de uma oração, Deus a responde. Dizem estes que Deus vive num eterno agora; para, Ele não há passado nem futuro, e se pudermos cumprir tudo o que Ele requer no caminho da obediência à Sua vontade, as nossas necessidades serão supridas imediatamente, os nossos desejos, cum­pridos e respondidas as nossas orações.
            Há muita verdade nessa crença, contudo ela expressa apenas um lado da verdade. Embora Deus viva num eterno agora, Ele opera os Seus propósitos no tempo. Uma petição apresentada diante de Deus é como uma semente lançada no solo. Forças que estão acima e além do nosso controle trabalham sobre ela, até que é dada a plena frutificação da resposta.

"E a paciência estava disposta a esperar." — O Peregrino

 MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

GRITO DE FÉ


                                           
Quando fizerem um sonido prolongado com a trombeta, e quando ouvirdes o som da mesma, todo o povo dará um grande grito. Cairá rente com o chão o muro da cidade, e o povo subirá, cada um para o lugar que lhe ficar defronte. (Js 6.5.)

            O grito da fé firme está em contraste direto com os lamentos da fé fraquejante e os queixumes do coração desanimado. Entre os muitos "segredos do Senhor", não conheço um mais precioso do que este grito da fé. O Senhor disse a Josué: "Olha, entreguei na tua mão a Jericó, ao seu rei e aos seus valentes/' Ele não disse: "entregarei", mas "entreguei". Jericó já lhes pertencia, e agora eles eram cha­mados a tomar posse dela. Mas a questão era: como? Parecia impossível. Mas o Senhor declarou-lhes o Seu plano.
            Bem, não podemos absolutamente supor que aquele grito tenha causado a queda dos muros. Contudo, o segredo da vitória estava justamente naquele grito, pois era o grito de uma fé que, firmada somente na Palavra de Deus, ousava tomar como sua uma vitória que lhes fora prometida, num momento em que não havia ainda sequer sinais dessa vitória. E segundo a sua fé, assim lhes foi feito por Deus, de modo que, quando gritaram, Ele fez caírem as muralhas.
            Deus havia declarado que lhes tinha entregado Jericó, e a fé aceitou isto como sendo verdade. Muitos séculos depois, o Espírito Santo registrou em Hebreus esse triunfo da fé: "Pela fé caíram os muros de Jericó, depois de rodeados por sete dias." 

MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

DESCANSAR EM DEUS

IMAGEM:GOOGLE
Vendo que se fatigavam a remar... (Mc 6.28.)
            Não é o esforço incansável que leva a termo a obra que Deus nos dá para fazer. Só Deus mesmo, que sempre trabalha sem tensão e nunca em excesso, pode fazer a obra que dá a Seus filhos. Quando eles descansam confiados nEle para que a execute, então ela será bem feita e completa. A maneira de deixá-lO fazer a Sua obra através de nós é participarmos de Cristo tão plenamente, pela fé, que Jesus transborde da nossa vida.
            Um homem que aprendeu este segredo disse certa vez: "Eu vim a Jesus e bebi, e creio que nunca mais terei sede. Tomei como meu lema: 'Não trabalhar em excesso, mas transbordar'; e isto já trouxe uma grande mudança à minha vida."
            Em transbordar não há esforço. Possui uma força irresistível, mas tranqüila. É a vida normal a que Cristo nos convida hoje e sempre, em que Ele mesmo é quem está sempre realizando tudo, com a Sua onipotência. — The Sunday School Times
            "Na calma da ressurreição está o poder da ressurreição!"

MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

domingo, 2 de setembro de 2012

A DISCIPLINA DE DEUS


                              
Porque vos foi concedida a graça de padecerdes. (Fp 1.29.)
            O preço da escola de Deus é muito elevado. Muitas de suas lições são lidas através de lágrimas. Richard Baxter disse: "O Deus, eu Te agradeço pela disciplina deste corpo, que já dura cinqüenta e oito anos." E ele não foi o único que transformou a tribulação em triunfo.
            Esta escola de nosso Pai celeste logo terminará para nós; nosso período escolar está cada dia mais perto do fim. Não fujamos de diante de alguma lição mais difícil, nem recuemos ante a vara da correção. Ao nos diplomarmos na glória, a coroa será mais bela, e o Céu mais doce se tivermos suportado tudo alegremente.
            A mais fina porcelana do mundo é queimada pelo menos três vezes, e algumas mais de três vezes. A de Dresden sempre é queimada três vezes. E por que passa por esse calor intenso? Uma ou duas vezes deveriam ser suficientes. Não, aquela porcelana precisa ser queimada três vezes para que os adornos de ouro e carmesim fiquem mais belos e se fixem nela permanentemente.
            Em nossa vida somos trabalhados segundo o mesmo princípio. Nossas provações ardem em nós uma, duas, três vezes. E pela graça de Deus as cores mais belas são nela gravadas, e se fixam para sempre.
 MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN

PEDRA VIVA



Assentarei as tuas pedras com argamassa colorida.( Is 54.11.)
            
As pedras da parede falaram assim: "Nós viemos de montanhas distantes, dos flancos daqueles montes escarpados. Fogo e água deram contra nós, durante séculos, mas só nos tornaram mais rijas. Mãos humanas nos transformaram numa habitação, onde filhos da sua raça imortal têm nascido, sofrido e se alegrado, e onde têm encontrado descanso e abrigo e aprendido as lições ensinadas pelo nosso Criador e seu. Mas passamos por muita coisa, a fim de sermos preparadas para este lugar. A pólvora nos rasgou o coração e picaretas de operários nos fenderam e quebraram, o que às vezes nos parecia sem propósito e sem sentido, a nós que estávamos ali, informes, na pedreira. Mas aos poucos fomos sendo cortadas em blocos, e algumas foram trabalhadas por instrumentos especiais até terem quinas bem agudas. Agora, porém, estamos completas; cada uma ocupa seu lugar, e somos úteis.
            "Você ainda está na pedreira, informe, e por isso muita coisa parece-lhe inexplicável como o era para nós tempos atrás. Mas você está destinado a um edifício muito mais importante, e um dia será colocado nele por mãos não humanas, e será uma pedra viva, num templo celeste."


 MANANCIAIS DO DESERTO
LETTIE COWMAN